sábado, 30 de maio de 2015

Desabafo Político


A cantora Adriana Calcanhoto em sua coluna no jornal O Globo, publicou um relato-desabafo sobre sua relação com o Partido dos Trabalhadores. De militante apaixonada, a cantora passou pelo desencanto, abandonou o partido, e hoje afirma: "Serei alienada ou apolítica, que é melhor para mim do que ser amoral". Aos militantes, ela manda o recado: "eu sou vocês ontem". 

Leia abaixo o texto de Adriana Calcanhoto: 

Aos 15 anos, estudante secundarista em Porto Alegre, interessada especialmente nas causas indígena e trabalhista, devorando qualquer texto dos irmãos Villas Boas ou de Darcy Ribeiro que encontrasse pela frente, me apaixonei pelo movimento de criação do Partido dos Trabalhadores. Era o ano de 1980, e eu vendia broches que eram estrelinhas vermelhas com “PT” escrito em branco. Era o que podia fazer como contribuição para a concretização do grande sonho, aquele trabalho de formiguinha que o militante secundarista pode fazer, dando tudo de si. Usava meu broche de estrelinha do lado esquerdo do peito, no duplo sentido. Tirava o broche antes de chegar em casa para não ter que confrontar a família, de direita, entre outras manobras anticonflito. Até que um dia nasceu finalmente o PT, o inacreditável aconteceu. Grande privilégio do ponto de vista histórico fazer parte daquilo. Meu herói era Olívio Dutra, e meu lema era “com o Olívio onde o Olívio estiver”.

Gostava do comunismo e gosto ainda hoje. Do lado bom, do lado utópico, do lado Ferreira Gullar, do lado Oscar Niemeyer do comunismo. Li “O capital”, mas repudio ditadores que não respeitam os direitos humanos. Revelou-se utópico, mas para mim antes utopia que acomodação ou o trabalho escravo do qual o capitalismo com tanta naturalidade lança mão.
Dada hora o PT trincou e acabou rachado. Começou a ter alas e facções demais e tornou-se, para meu gosto, excessivamente “partido”. Mesmo ligada à causa trabalhadora e filiada ao PT em Porto Alegre, sempre me senti mais ligada a quadros do que a agremiações. Já morando no Rio de Janeiro, fiz campanha voluntária à Presidência da República de Roberto Freire, pelo PCB, no primeiro turno nas eleições de 1989. Tinha 23 anos, liguei para o comitê e perguntei: “Posso ajudar?”. Seguia acreditando nas ideias do PT, votei em Lula no segundo turno e chorei dois dias de desgosto com a vitória de Fernando Collor. Passou o tempo, e o PT foi ficando cada vez mais dividido, pesado, paquidérmico, carregando alas divergentes que foram evidentemente minando a força interior do partido e sua chama. Tempos depois a ala radical do PT, de tão radical, chegou, por exemplo, a ser contra a candidatura pelo partido à Presidência da República de figuras migradas de outros partidos, caso da presidenta Dilma, oriunda do PDT. Não gosto de fanatismo. Fui deixando a cada dia de me sentir representada pelo PT. Não achei a escolha do cinismo boa opção. Não gostei de ver o Lula em palanques com Sarney e Paulo Maluf, que ele execrava nos mesmos palanques quando eles não estavam presentes, aquele PT não me representava mais.
O desmatamento aumentou. A nascente do Rio São Francisco secou. O governo não relaciona uma coisa à outra. O governo permanecerá no governo porque a cada eleição vai pagar carros com alto-falantes para circular pelas ruas das cidades mais pobres do Nordeste informando que a oposição, vencendo a eleição, vai acabar com o Bolsa Família. O povo tutelado, acuado. São inegáveis as boas coisas realizadas pelo PT, são transparentes, menos gente passa fome. Mas e essa confusão na Petrobras?
A Educação em cujo país o lema do governo agora é “Pátria educadora” tem o responsável pela pasta definido no balcão de loteamento de cargos, um deboche, uma ofensa à memória de Paulo Freire e ao esforço das pessoas comprometidas com a educação no país, considero inaceitável, mas e daí? Quem sou eu? Apenas uma cidadã, que paga impostos, que é muitas vezes bitributada, que gera empregos, que para no sinal vermelho, ou seja, uma otária, que acredita em princípios éticos. Se o governo despreza a ética por que o povo seria ético? Mas eu não caio nessa. O chanceler escolhido pela presidenta para assumir o posto em Washington, com habilidades conhecidas para amenizar bilateralmente os ânimos, botar as coisas nos eixos e ajudar a promover a visita da presidenta aos Estados Unidos em setembro, já começa com um problema a resolver. O ministro foi empossado sem o aval dos EUA, uma formalidade a ser cumprida, já descumprida pelo governo brasileiro na largada, obrigando o primeiro ato do novo chanceler a ser uma quebra de protocolo. As primeiras ações do novo governo contradizem em tudo o que foi dito na campanha, a massa de manobra, massinha de modelar. Ai, cansa.
Quando um dos maiores tesouros do PT, a então senadora Marina Silva, deixou a legenda, eu já estava no Partido Verde. Agora não estou em lugar nenhum. Ou melhor, mudei-me para a desesperança. Serei alienada ou apolítica, que é melhor para mim do que ser amoral. Semana passada, juntando em caixas roupas, livros e coisas que não uso mais para doar, atirei num caixote de bugigangas aquela minha estrelinha vermelha do PT, o sonho acabou. Pode a militância entupir à vontade minha caixa postal com deselegâncias, eu sou vocês ontem. Hoje eu sou Charlie.
Texto extraído na integra do site da Folha Política

Esta matéria me chamou a atenção porque sempre acompanhei a carreira da cantora, não apenas por qualidades musicais a qual admiro, mas por motivos do envolvimento político e a desilusão com os princípios a qual acreditava. Em outras palavras ela se sentiu traída e com consequências que não afetam apenas uma pessoa, mas um país.
As vezes me pergunto, até que ponto a politização é importante. Entendo da necessidade de se informar e não se deixar enganar, mas a cada dia que passa os interesses corporativos são maiores e as informações chegam cada vez mais corrompidas para os eleitores.
O Brasil não é o único pais que vive uma situação como esta, Portugal passa por problemas de gestão, acredito que em uma escala menor, mas é importante que os olhos permaneçam abertos.

Para finalizar, destaco uma frase da cantora a qual me chamou a atenção:  "Serei alienada ou apolítica, que é melhor para mim do que ser amoral".
 

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Que país é Este.

Coisas que acontecem no Brasil e que outras culturas não conseguem compreender. Não se trata de um desmérito, uma critica ou comparação, mas são fatos e situações que, aparentemente inexplicáveis.

O Rio de Janeiro vive hoje uma nova situação, entre várias sem explicações, uma nova febre no mundo do crime que são os assaltos com armas 'brancas", como se já não bastassem os arrastões.
Agora a nova mania, na maioria praticado por jovens adolescentes, que armados com faca cometem assaltos.
Como se isto só não bastasse, agridem com golpes de facadas as vitimas, mesmo sem elas esboçarem reação.
Uma das vitimas esfaqueada quatros vezes em um destes assaltos,  deu uma entrevista para uma emissora de televisão, porque graças a Deus sobreviveu: "eu perdi a capacidade de ar, eu não posso correr como antes, eu não posso mais pedalar como antes"disse Jorge
O fato mais recente foi de um médico de 57 anos, Jaime Gold, que andava de bicicleta e foi atacado por um adolescente, levado para o hospital não resistiu aos ferimentos. Este jovem suspeito tem 16 anos e já com 15 passagens pela policia.
Infelizmente não são casos isolados, situações assim acontecem aos montes, se for listar aqui todas agressões que tem acontecido recentemente faltaria espaço para relatar.

O que acontece no Brasil que não se tomam medidas para conter a violência? 
Parece que o país está tomado por forças do mal e as autoridades são incapazes ou sem interesse de reagir a isto, a falsa moral impera nos governantes que fecham os olhos para violência que domina.

Recentemente a presidente se sentiu indignada com o traficante brasileiro condenado a pena de morte, mas sua falta de atitude diante de fatos como estes no Rio de Janeiro condena centenas de inocentes todos os anos a morte.  Não se trata de apologia a pena de morte, mas uma comparação com a incoerência que parece ser a marca registrada desta país chamado Brasil.

Todos governantes responsáveis se preocupam  com o bem estar da população, em dar estrutura, educação, saúde, segurança, transportes, trabalho e diversão. Isto em um país normal.
No Brasil parece que as coisas são investidas, sempre a diversão vem em primeiro lugar, um país onde se preocupam com carnaval, estádios para copa do mundo, estruturas para olimpíadas enquanto o povo padece com falta de estrutura na saúde, transporte, educação e segurança, além do emprego cada vez mais escasso.

O mais triste nisto tudo é perceber que existem vários partidos políticos, mas nenhum deles com intenções de resolver estes problemas, a grande questão entre eles são as vantagens que possam ter em conchavos, apoios e possíveis cargos.

Sei que parece uma visão muito pessimista de um pais tão grande como o Brasil, onde existiam as maiores reservas de água doce, hoje escassa, onde se localiza a maior reserva nativa, cada dia mais degradada, um país de fronteiras abertas, uma população com um dos piores índice de analfabetismo e talvez seja por isto perdeu o poder de reivindicar.  Se serve de consolo, é o único país penta campeã mundial de futebol.

 

sábado, 2 de maio de 2015

Professores no Brasil

Para quem não me conhece, moro em Lisboa, Portugal.  Cidade linda e histórica, com seus castelos e ruas estreitas, um verdadeiro poema estrutural.

Hoje não estou escrevendo  para falar de Portugal ou de Lisboa, mas para justificar o porque só agora fiquei sabendo que os professores estão em greve no Brasil.

A classe educadora é uma das mais importantes em um país civilizado, é a base, a estrutura de formação no desenvolvimento de mentes capazes. Podemos dizer que os professores sãos os engenheiros que constroem o futuro.
É inadmissível aceitar que uma pais não valorize estes profissionais, que, aliás, muitos deles deixam em suas aulas muito além do profissionalismo, deixam seus corações.

Um profissional que tem a incumbência de ensinar, de transmitir o que sabe para outras mentes que estão ali sedentas de conhecimento, que irão usar este aprendizado para suas vidas,  não podem ter preocupações outras que não seja se aperfeiçoar. Mas no Brasil, como dizem os antigos, a pessoa tem que “assoviar e chupar cana”.

Sem tempo para se aperfeiçoarem e condições financeiras, porque os ganhos mensais de um professor no Brasil beira ao ridículo, desdobram-se dando aulas de manha, tarde e noite, alguns de segunda a sábado, sua capacidade é exigira aos extremos e mesmo assim falta salário no final do mês.

Entre as necessidades básicas de uma nação, duas são fundamentais, saúde e educação, mas sem a educação como vamos ter profissionais da saúde de qualidade?
Um povo sem educação é um povo que vive como cordeiros, que não buscam seus direitos por não conhecer, que não entende o poder do voto e que se deixa manipular.

Tudo gira em torno da educação, um país que não entende isto é fadado ao fracasso, a viver de bunda, carnaval e futebol.



Doutorado em Engenharia Civil, Engenharia de Segurança do Trabalho, Arquitetura e Engenharia Mecânica.
Tudo isto graças aos meus amigos professores.



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